Tancredo Neves acabara
de ser eleito pelo Colégio Eleitoral, evento que marcava o retorno do país à
vida democrática, após anos duros do regime militar, quando fundamos o Partido
Verde, trazendo para o cenário político nacional uma nova maneira de ver e resolver
os conflitos humanos.
O PV teve a coragem de
dizer que os velhos embates políticos de esquerda versus direita, de capital
versus trabalho, estavam superados e não davam conta de resolver os conflitos
entre o modo de vida dos humanos, a necessidade de sobrevivência dos outros
seres e a própria vida na Terra.
O Partido Verde criou
uma nova pauta com temas que antes não faziam parte do ideário político
nacional. Falamos de meio ambiente, sustentabilidade, esgotamentos dos recursos
naturais, pacifismo, mas também exigimos o respeito a outras liberdades, como a
homoafetividade. Tratamos das drogas — um tabu — de maneira clara, mostrando
que a simples criminalização de usuários não resolvia o problema, ao contrário,
criava e fortalecia a economia do tráfico, com relações perigosas em diversos
setores da sociedade.
Tudo que dizíamos, há
29 anos, em 17 de janeiro, quando anunciamos a fundação do PV, foi visto como
exótico e até como alarmista. Os conservadores escandalizaram-se e até
criminalizaram nossas propostas. Criaram um conflito inexistente entre crescer
e preservar, quando, mais uma vez mostramos que tudo podia ser feito com os
princípios da sustentabilidade, suprindo as necessidades da geração presente,
garantindo o direito das próximas gerações.
Os nossos brados
espalharam-se e ganharam as ruas, as casas, mas as políticas públicas avançaram
muito aquém das necessidades de preservação ambiental e justiça social. Os
resultados são desastrosos em setores essenciais à qualidade de vida.
Estamos vivendo um caos
em relação a mobilidade urbana. Nossas cidades estão abarrotadas de carros e o
transporte público não alcançou a qualidade desejável. As grandes metrópoles
brasileiras vivem em colapso hídrico, onde a água para o consumo humano é cada
vez mais escassa. E a violência tomou conta de nossas ruas, justamente em um
momento que o país cobra ética e eficiência de seus representantes.
As urgências naturais e
planetárias exigem mais dos Verdes e responderemos, dando nossa colaboração à
sociedade brasileira. Os verdes desejam o desenvolvimento sustentável como
caminho para combater a miséria e o desperdício. Almejam a valorização da
política como atividade ética. Aspiram um sociedade baseada no pacifismo, na
diversidade, no respeito às liberdades democráticas, justiça social e direitos
humanos.