Autoridades, Ministério da Saúde e Secretaria de Saúde do Estado
de São Paulo e Minas Gerais estão vigilantes. Não é para menos, já foram
registradas 38 mortes de febre amarela silvestre no Brasil. A doença é causada
por um vírus inoculado no nosso corpo proveniente da picada de um mosquito, e
que pode levar a morte.
As causas desse fenômeno
epidemiológico podem estar diretamente relacionadas ao avanço urbano para as
áreas de mata e regiões agrícolas, como muitos especialistas já vêm alertando.
Com o meio ambiente em desequilíbrio, muitas formas de doenças antes
erradicadas ou que não se manifestavam mais podem voltar a surgir,
comprometendo a saúde pública e levando a uma série de impactos no equilíbrio
do planeta.
Na região Sul, vêm ocorrendo
algumas ações de prevenção. No Rio Grande do Sul, por exemplo, que não registra
casos há 10 anos, a prevenção é intensa. Segundo a Secretaria de Saúde do
Estado, a cobertura atinge cerca de 70% da população.
No Paraná, o único registro de
contágio da febre amarela foi em Laranjal, no interior, em 2008. Mesmo
assim, pessoas que têm viagem marcada para regiões afetadas estão procurando os
postos de saúde para tomar a vacina.
Em Santa Catarina, o último
caso registrado foi em 1966, mas a Secretaria recomenda a imunização em 162
cidades do estado.
Estamos vivendo uma epidemia
ou são apenas casos isolados da doença? Quais são os sintomas? As pessoas ainda
têm muitas dúvidas.
O vírus que causa a febre
amarela urbana e a silvestre é o mesmo, o que significa que os sinais, os
sintomas e a evolução da doença são exatamente os mesmos. A diferença está nos
mosquitos transmissores e na forma de contágio. Os transmissores da febre
amarela silvestre são os mosquitos Haemagogus e o Sabethes, que
vivem em matas e beira de rios. Eles picam macacos contaminados e,depois, as
pessoas. Por isso, há casos de muitas mortes de macacos em regiões acometidas
pela doença. Já a febre amarela urbana é transmitida pelo conhecido aedes
aegypti, e não são registrados casos no Brasil desde 1942.
A vacinação é muito
importante. Trata-se de um mecanismo de prevenção essencial, porém, o cuidado
que se deve ter daqui para frente é para que a febre amarela silvestre não se
torne urbana, uma vez que as regiões onde ocorreram as mortes de macacos
ficam a menos de 30 km do centro de São Paulo, por exemplo.
As autoridades públicas dos
órgãos de Saúde correm para que os casos não se alastrem. Mas, se pensarmos um
pouco, a verdadeira prevenção deve começar na promoção de políticas ambientais
que proíbam o desmatamento descontrolado. Caso contrário, cada vez mais teremos
o ressurgimento de doenças antes erradicadas.
Autor: Rodrigo Berté é
diretor da Escola Superior de Saúde, Biociências, Meio Ambiente e Humanidades
do Centro Universitário Internacional UNINTER.